Depois da tempestade…

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paar wekenComo deu pra perceber no post anterior, no último trimestre da gravidez eu desenvolvi a síndrome de HELLP (o nível mais alto de pré-eclampsia, com várias outras complicações graves), fui internada e tive o Maximilian 2 meses antes do esperado. Foi um susto enorme já que eu estava tendo uma gravidez ótima, sem complicações e sem muitos desconfortos.

Max passou um total de 49 dias internado. Primeiro 10 dias na UTI em Rotterdam onde ele nasceu (dos quais a maior parte em uma incubadora) e o restante na unidade infantil do hospital de Dirksland em uma cama aquecida e ligado a mil aparelhos, fios e sondas que monitoravam sua temperatura, batimentos cardíacos, respiração e o ajudavam a comer e respirar. Enquanto ele estava internado em Rotterdam eu também estava internada e podia vê-lo quando quisesse (eu tive uma cesárea de emergência, perdi 2,2 litros de sangue durante o parto e continuei bem doente depois então tive que ficar internada por mais tempo) mas quando ele foi transferido pra Dirksland eu também recebi alta, o que significa que tinha que viajar diariamente para Dirksland (30km de casa) para ver o meu filho. Além do sofrimento sem tamanho que é ver seu filho ali tão pequenino lutando pela própria vida enquanto em casa a barriga e o berço estão vazios, eu tive uma recuperação muito difícil. Tive que tomar remédios pra pressão por quase 2 meses e remédio pra anemia por muito tempo, estava sempre exausta e sentia muita dor no corte da cesarea. Mesmo assim, quando me senti um pouco melhor mas ainda não podia dirigir, pegava 3 ônibus pra ir ver o Max de manhã e voltava pra casa só à noite com o meu marido. Depois, quando eu já podia dirigir mas ele continuava no hospital, eu ia vê-lo duas vezes por dia – uma de manhã e uma à noite.

Não importava o quanto eu escutava que ia ficar tudo bem, quantos casos eu ouvia diariamente de amigos e colegas sobre crianças que tinham nascido prematuramente e hoje eram adultos saudáveis, o quanto eu, que cresci no espiritismo, acreditasse que tudo tinha uma razão de ser e que eu tinha que passar por aquilo… nada confortava o meu coração. Eu chorava todos os dias e ligava pro hospital assim que acordava e antes de ir dormir (às vezes também durante a madrugada) pra saber como o meu filho estava. Foram os 2 meses mais difíceis de toda a minha vida. Eu aprendi muito e fiquei mais forte mas até hoje choro quando paro pra pensar em tudo. Eu não desejo o que passei pra ninguém. Mesmo.

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  • Quando o Max finalmente pôde vir pra casa, já respirando sozinho, tomando todas as suas mamadeiras (com tudo o que passei, não tive leite infelizmente) e com quase 3.4 kg (ele nasceu com 1.6kg) nossas vidas viraram novamente de ponta cabeça. Max era um bebê muito sensível e muito difícil. Dormia pouco e mal, gemia muito o pouco que dormia (e achávamos sempre que ele não estava respirando), chorava muito, tinha muitas cólicas, era muito tenso e ficava muito mal com qualquer visita que tínhamos em casa. Depois de tudo o que ele tinha passado, era normal que ele fosse um bebê mais difícil, mas não tivemos preparo algum para o que viria pela frente. Foram meses extremamente desgastantes.

Após meses de muita paciência, muito amor, massagens, osteopata e todo tipo de remédio homeopático, Maximilian (agora com 6 meses de idade e 4 meses de idade corrigida) tirou o atraso no peso e tamanho e está agora com 5 meses em termos de desenvolvimento. Bebês prematuros levam até 1 ano para tirar o atraso e se equiparar a bebês da mesma idade. Max ainda acorda de madrugada mas dorme muito melhor, não tem mais problemas com visitas, não esperneia mais na cadeirinha do carro ou carrinho, adora observar quadros e passa o dia sorrindo.

Eu voltei a trabalhar em janeiro (mas 3 dias por semana) e o Max vai agora para a escolinha às segundas e sextas. Às quartas ele fica em casa com o pai, que fez questão de reduzir a carga de trabalho pra passar mais tempo com ele. A jornada dupla pesa um pouco, mas estamos ao poucos encontrando nosso próprio ritmo e curtindo os dias que temos em casa com o nosso pequeno.

E, assim, a vida ganhou mais cor e ficou mais feliz, porque afinal, depois da tempestade, cedo ou tarde o sol sempre aparece.

HELLP

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Ninguém te prepara para eventuais complicações que possam ocorrer na gravidez. Daí, quando elas te pegam de surpresa, seu mundo cai. Assim, de repente.

Mesmo que o tamanho da barriga diga o contrário, nenhuma mulher está pronta pra ser mãe a 32 semanas de gravidez. Eu não estava.

Não houve licença maternidade, sessão de fotos de barrigao, roupinhas secando no varal ou mala de maternidade. Não houve contagem regressiva, contracoes ou tempo pra pensar em como queríamos que nosso filho nascesse.

Houve pressão indo de 16×10 a 9×5 em duas horas, agulhas, sondas, médicos indo e vindo. Houve uma espera interminável por resultados de exames,  sustos a cada vez que o monitor mostrava oscilações nos batimentos do bebê, enfermeira medindo meu tornozelo pra meias pós -parto enquanto a anestesista nos explicava sobre as opções de sedação de uma cesariana. Houve um pai segurando a minha mão sem saber se estava chorando de desespero ou felicidade. Houve uma mensagem por “whatsappp” avisando a família que estávamos indo pra sala de parto. Houve preces por todos os lados e medo misturado com fé.

Houve lágrimas ao ver nosso filho ali na nossa frente antes do esperado e medo, muito medo do que viria pela frente.

Ninguém te prepara pra ver seu filho em uma encubadora. Ninguém te prepara para o turbilhão de emoções que é ver seu coração batendo fora do seu corpo, ali, pesando 1605gr e medindo 39cm.  Nenhuma mãe está pronta pra lidar ao mesmo tempo com um amor infinito e uma dor sem tamanho ao segurar seu filho no seu peito pela primeira vez, cheio de sondas e tubos.

Vivemos um ano inteiro em uma semana e sabemos que os próximos dois meses em hospitais não serão fáceis nem pra gente, nem pra ele.

Mas acho que finalmente estamos prontos pra celebrar a chegada do nosso pequeno tesouro, distribuir “beschuit met muisjes” (torrada com bolinhas de anil – tradição holandesa para comemorar o nascimento de um bebê) e enviar cartões anunciando seu nascimento.

Maximilian Thomas van Driel nasceu no dia 31/08/2015, às 16:27, aos 7 meses de gestação, pra nos ensinar o que é amor incondicional e completar nossa felicidade.

Seja bem vindo a esse mundo, meu amor. Obrigada por ter nos escolhido para lhe guiar na sua caminhada.

Casamento feito à mão – parte 5: o segredo está nas mãos

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Eu queria um casamento especial. Daqueles com cara de “feito à mão”. Daqueles em que a família inteira “bota” a mão na massa. E eu consegui!

Fazer a decoração do meu casamento só foi possível porque minha família e amigos botaram a mão na massa e nos ajudaram até os “45 do segundo tempo”.

Um amigo do meu marido, então noivo, fez toda a parte gráfica dos convites (que mostrei no primeiro post da série “casamento feito à mão”), imprimiu, recortou tudo e quando veio entregar ainda sentou na mesa com a gente depois do jantar pra colar tudo enquanto eu fechada cada envelope com as fitas.

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Um outro amigo do marido fez uma placa que eu vinha namorando há meses em todos os blogs de casamentos rústicos. Ficou um charme e hoje enfeita nosso jardim da frente.

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Minha mãe decorou com folhinhas os galhos que comprei pra fazer a “wish tree”.

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Meu pai passou uma tarde inteira recortando 45 metros de renda e pregando fita dupla face em todos os pequenos pedaços. Meus tios que chegaram um dia antes do casamento me ajudaram a cortar a juta pra fazer a toalha de mesa e, junto com os meus pais, transformaram o nosso jardim da frente pra tudo estar lindo na hora em que o noivo viesse buscar a noiva em casa – como manda a tradição holandesa.

Minha irmã manchou as mãos de branco pra fazer a placa “just married” que decorou o nosso carro – que aliás, foi emprestado e dirigido por um outro amigo querido.

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Minha mãe e irmã também decoraram os prendedores que ficaram no nosso varalzinho de fotos e me ajudaram a cortar e enrolar no guardanapo as mensagens que eu tinha preparado pros nossos convidados, mas não tinha conseguido terminar.

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Uma amiga querida fez nossos brigadeiros e beijinhos e outra nossos bem-casados.

Tudo ficou lindo porque foi feito com a ajuda de muitas mãos. Mãos cheias de amor e boa vontade. Mãos que levantaram a taça pra brindar com a gente no nosso dia feliz.

O segredo de um casamento feito à mão é, na verdade, a mão de quem faz e o amor que cada pessoa imprime em cada detalhe.

Nós tivemos a sorte e o privilégio de ter muitas mãos nos preparativos do nosso casamento. Mãos brasileiras e holandesas que no final de uniram pra dançar um forró à beira da praia. E foi lindo.

Casamento feito à mão – parte 4: tradições

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Como resolvi não usar bandeiras no casamento, fiquei um bom tempo pensando em como representar esse “casamento internacional” na festa. Não é nada obrigatório por assim dizer, mas é era um detalhe que, pra mim, era importante.

Resolvi representar os dois países na mesa do bolo e através de duas tradições – uma de cada país. O lado brasileiro foi representado pelos bem-casados e o lado holandês por uma “wish tree” que colocamos na mesa dos presentes pra que os nossos convidados pudessem nos deixar uma mensagem.

Fiz plaquinhas explicando as duas tradições e tudo ficou muito bacana. Os bem-casados foram embalados em tecidos de várias cores diferentes e a “wish tree” recebeu folhinhas de papel.

Uma ótima idéia pra casamentos internacionais. Olha só:

Casamento feito à mão – parte 3: mesas dos convidados

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Quando o dono do restaurante me falou que ele não tinha toalhas pras mesas dos convidados confesso que fiquei meio chateada. As mesas são bonitinhas, mas todas coloridas (laranja, azul, amarelo) e não tinham muito a ver com o estilo do nosso casamento.

Não queria fazer um drama e nem gastar uma fortuna em toalhas de mesa que eu nunca mais usaria, então comecei a fuçar na internet e no Pinterest e dei de cara com uma idéia super bacana: papel craft como toalha de mesa. Barato, prático e rústico. Uma amiga me deu a idéia de colocar renda em volta pra dar um acabamento mais elegante. Aprovei na hora! No Pinterest vi que muita gente escreve ou faz ilustrações nas “toalhas” pra dar um toque a mais. Então que tive a idéia de usar um daqueles papéis de enfeitar prato de bolo pra fazer um estencil nas toalhas. Primeiro testei tudo na mesa da sala, pra ver se eu gostava mesmo da composição final.

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Amei! Comprei então um rolo de 30 metros de papel craft, tinta spray, mais papéis de bolo e 45 metros de renda. Passei um domingo cortando “as toalhas”, fazendo os estencis (?) e pendurando tudo. Valeu à pena! As mesas ficaram um charme e bem originais.

Comprei também lápis de cor pras crianças desenharem nas “toalhas”. Foi um sucesso! Até adultos desenharam nas mesas.

Dentro do estencil coloquei vasinhos que eu mesma fui garimpando de várias lojas e decorando com fibra natural e renda. Pras mesas das famílias fiz plaquinhas em forma de coração e coloquei nos vasinhos das flores. Ficou tudo um “xuxu”.

Dê uma olhada no resultado: