Vestindo camisa social e calças pretas o cantor e compositor brasileiro Lenine entra no palco já cantando. Num instante, a voz calorosa do pernambucano transporta a antiga sala de cinema da fria e chuvosa Rotterdam para o ensolarado Recife. O público, até então calado e comportado em suas poltronas, grita, bate palmas, assobia. A formalidade holandesa dá espaço à espontaneidade brasileira.
Da minha poltrona eu aplaudo o mesmo homem que duas horas antes ensinava os músicos holandeses, noruegueses, dinamarqueses e alemães da orquestra do holandês Martin Fondse a pronunciar as palavras “dólares” e “Dolores”, da música Rosebud. O mesmo cantor que, vestindo jeans, óculos e all-star pretos, vibrava ao ouvir cada arranjo novo que a orquestra internacional tinha criado especialmente para as suas músicas. O mesmo simpático pernambucano que no primeiro intervalo da passagem de som desceu do palco pra nos dar um abraço de boas vindas e saber se estávamos nos divertindo.
Testemunhar o projeto “The Bridge” tomando forma durante a passagem de som e assistir ao primeiro show do Lenine com o Martin Fondse e sua orquestra foi uma experiência indescritível. Minha admiração pelo trabalho do artista pernambucano, que completa 30 anos de carreira esse ano, só aumentou. Sua paixão pela música, o sentimento que ele imprime em cada nota e o alto-astral que ele transmite são emocionantes.
Quanto ao trabalho do Martin Fondse, foi paixão à primeira vista. Músico e maestro talentosíssimo, além de muito simpático e atencioso. Um “querido” mesmo!
E a tarde e noite da última sexta-feira foram assim: cheias de novas experiências e energia positiva. Uma delícia!