Prédio da ONU
Eu costumo dizer que estou realizando dois dos meus maiores sonhos de uma vez. Sim, eu realmente sou uma pessoa privilegiada (não que tudo isso tenha vindo sem muito esforço, que fique claro). Pouco após receber a carta de aceitação do mestrado dos meus sonhos (após me candidatar por três anos consecutivos), me inscrevi pro estágio dos meus sonhos: no departamento de comunicação de uma das agências da ONU.
Todo mundo me pergunta como eu consegui e sempre se decepciona com a resposta, que não tem nada de épica. Explicarei e você também ficará decepcionado: eu entrei no site da United Nations Volunteers ( cuja matriz eu já sabia que ficava em Bonn), cliquei em “internships” (estágios) e após ler as duas opções de estágio disponíveis, mandei um e-mail acompanhado do meu currículo pro endereço de e-mail que constava na descrição do projeto que mais me agradou – a campanha de comemoração de 10 anos do Dia Internacional do Voluntário (IYV+10). Pronto, pode dizer seu “ah, só isso?”.
Achei que nem ia dar em nada, mas recebi uma resposta da diretora do projeto me pedindo pra mandar novamente o e-mail e o currículo em inglês (tinha mandado em alemão. Ops!). Mandei. Depois de mais alguns e-mails, finalmente o chefe de comunicação do projeto marcou uma entrevista comigo por telefone.
Numa manhã qualquer durante a semana recebi uma ligação de dois atuais colegas, que me bombardearam de perguntas por meia hora. Veja bem: era uma ligação internacional com o telefone no viva-voz, ou seja, qualidade zero, e o sotaque dos entrevistadores não estava ajudando. Eu, que havia lido em alemão a manhã inteira, não conseguia falar uma única frase decente em inglês e, ainda por cima, tive que comunicá-los que só poderia trabalhar meio período, por conta da carga horária do mestrado. Achei que minha chance de conseguir o tão sonhado estágio na ONU tinha ido pelo ralo. Mas, como vocês podem ver, eu estava mesmo com a “bunda virada pra lua” naquele mês, como diz uma amiga minha.
Não, não ganho um único centavo (o estágio não é remunerado). E sim, vale a pena mesmo assim! Eu dei a sorte de ter um chefe ótimo que, desde que eu entrei, me dá liberdade pra sugerir coisas novas e trabalhar realmente com comunicação. Isso quer dizer que eu não fico tirando xerox, fazendo cross-checking de listas de endereços ou preparando power-points.
Vista da minha sala, no alto do 24º andar, no prédio da ONU
Espontaneamente fui assumindo as mídias sociais da campanha e, conforme os números iam subindo, minhas sugestões e opiniões foram ganhando cada vez mais peso. Depois comecei a fazer as newsletters e hoje meu trabalho lá se resume basicamente às duas atividades: social media e newsletters.
Tem sido um tanto cansativo sair do mestrado às 16h e, depois de um longo dia de aulas em alemão e inglês (às vezes em Denglish, como diz a Francis França), ainda ir pro estágio por mais 3 ou 4 horas. Mas trabalhar com gente do mundo inteiro, ver como uma organização internacional desse porte funciona por dentro, ter acesso a todo esse conteúdo e ser reconhecida pelos meus chefes e colegas pelo que eu faço faz todo esse esforço valer a pena!
E de repente, eu que não tinha uma conta pessoal no twitter até um tempo atrás e não sabia nem o que era um RT antes de entrar no Brasil Alemanha News, já até sonho com posts e campanhas no twitter e facebook. People definitely change!
Claro que o frio, o cansaço e os primeiros resfriados desse “inverno” continuam me fazendo torcer pra 23 de dezembro (meu último dia de estágio) chegar logo. Afinal, rapadura é doce, mas não é mole e a gente bem sabe.