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Quanto custa viver na Alemanha? Parte 2

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Reparei que muita gente vem parar aqui no blog tentando descobrir quanto custa viver na Alemanha. Decidi então que era hora de compartilhar mais alguns preços, assim vocês podem ter uma ideia de quanto custa viver por aqui.

Eu, particularmente, acho o custo de vida aqui muito mais baixo do que no Brasil. Com os 750 euros que eu recebo por mês de bolsa de estudos consigo pagar meu aluguel, meu seguro saúde, comer, sair com os amigos prum café, cinema ou um barzinho de vez em quando, comprar uma peça ou outra de roupa e viajar pra Holanda todo mês (comprando a passagem com antecedência).

Claro que nem sempre foi assim. No começo eu comia todo dia no restaurante da Deutsche Welle (cerca de 4 euros por dia só pra almoçar), tomava café e comia bolo em bistrôs no centro da cidade com frequência e sempre que via uma promoção queria comprar. Além disso,  eu precisei comprar roupa de cama, louça, roupas de inverno e coisinhas pra casa nos primeiros meses.  Então todo mês gastava todo o dinheiro da bolsa e ainda precisava usar um pouco do dinheiro que tinha trazido do Brasil pra viagens e emergências. Levei um tempo até me acostumar com a falta de cheque especial e cartão de crédito e entender que eu tinha que viver com esses 750 euros por mês.

Comecei a cozinhar em casa, parei de passear tanto pelas lojas do centro e comecei a reservar o prazer de tomar um cappuccino acompanhado de um bolo num local bacana pros finais de semana. Também comecei a dar aulas de português em Colônia uma vez por mês pra bancar minhas viagens e gastos extras. Claro que sempre tenho que controlar os gastos, mas hoje os 750 euros são suficientes pra levar uma vida de estudante simples.

Todos os valores abaixo são os preços praticados na cidade de Bonn, uma cidade de 300 mil habitantes no estado de Nordrhein-Westfallen, onde vivo.

1. Aluguel: eu moro numa residência estudantil. Tenho uma mini-cozinha e um banheiro. Pago 248 euros por mês. Uma amiga aluga um quarto na casa de um casal. No quarto dela tem uma cozinha meio improvisada e ela tem um banheiro só pra ela no andar de baixo. Ela paga 345 euros por mês. Um amigo mora com a namorada num lugar ótimo e tranquilo ao lado do Beethovenhalle (casa de concertos) perto do centro de Bonn e perto do rio Reno, num apartamento com 2 quartos, sala, cozinha e banheiro. Eles pagam 800 euros de aluguel por mês, já com aquecedor, água e eletricidade.

2. Seguro saúde: como sou estudante, pago cerca de 80 euros por mês. Quando eu terminar o mestrado, o valor dobra.

3. Transporte: eu pago 230 euros por semestre pra faculdade pra cobrir taxas administrativas e transporte. Recebo então um selo no meu cartão da faculdade com o qual posso usar qualquer tipo de transporte em Bonn e viajar pelo estado de Nordrhein-Westfallen inteiro com os trens comuns (RB e RE) sem pagar nada extra. Depois das 19h durante a semana e o dia todo nos finais de semana, posso levar mais uma pessoa com o meu cartão. Mas isso só porque eu sou estudante. Cada passagem de ônibus, bondinho e metrô em Bonn custa 2,70 euros. Há opções de tickets diários (7,80 euros), semanais (22,40 euros) e mensais (84,30 euros) também, que aliviam um pouco os custos.

4. Cinema: uma entrada inteira custa cerca de 8 euros  e estudantes pagam entre 6 e 6,50 euros (preços válidos para Bonn).

5. Academia: em uma das academias da rede McFit, a mensalidade custa 19,90 euros. Um curso de Zumba num estúdio de dança custa 25 euros, com direito a uma aula por semana.

6. Gastronomia: eu e meu namorado gostamos de comer num WOK (comida asiática) no centro que prepara tudo fresquinho na hora e é barato. Pagamos sempre uns 12 euros por duas refeições e suco. Um lanche no Subway custa em média 3 euros (sem os adicionais). Um menu no McDonalds custa por volta de 6 euros (eu não sei o preço exato, porque como lá uma vez por ano só). A maioria dos pratos em um restaurante normal custa em  torno de 10 euros (arredondando um pouco pra cima e pra baixo um pouco). Um refrigerante custa entre 2 e 3 euros e um suco de laranja ou maçã (os tradicionais por aqui) uns 3 euros, dependendo do lugar. Na cantina da Deutsche Welle eu costumo pagar 0,90 centavos de euro por um café ou cappuccino. No centro, pago 1,90 euros pela mesma bebida  na padaria e quase 4 euros num café bacana e aconchegante. Tudo depende do ambiente. Tem opção pra todos os bolsos.

7. Cursos de idiomas: por 4 meses de curso de holandês paguei 70 euros no ano passado. Fiz na Volkshochschule (universidade popular) e o curso não era dos melhores. Mas bem, o curso todo me custou só 70 euros. Então tá valendo.

Postarei mais pra frente preços de alimentos, roupas e afins, ok? Mas acho que os 7 itens acima já dão uma ideia do quanto custa a vida por aqui.

Pra ler a parte 1 da série, clique aqui.

E o tempo passa mesmo!

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Casamento Eva – janeiro de 2012

Eu vim para a Alemanha pela primeira vez em fevereiro de 2003. Embora já tivesse terminado o ensino médio no Brasil, ainda consegui vir no esquema de “intercâmbio estudantil”, então frequentei o colégio aqui por mais um ano – mas sem a obrigação de fazer provas ou fazer lição de casa, já que eu vim essencialmente para aprender o idioma.

Como todo intercambista, eu morei com uma família alemã durante um ano. Morava em uma cidadezinha pequena perto de Bremen, chamada Oyten e estudava em outra cidade pequena próxima, Achim. Eu dei a sorte de ser acolhida por uma família legal, que se tornou uma segunda família pra mim ao longo do meu intercâmbio e nunca deixou de o ser.

Eu tinha um irmão 2 anos mais velho que eu, o Daniel; uma irmã dois anos mais nova que eu, a Eva; e um irmão 5 anos mais novo que eu, o Paul.

Eu cheguei em fevereiro de 2003. O Daniel se mudou para uma cidade perto de Hannover para fazer o Zivildienst dele em agosto e a Eva foi para os EUA no mesmo mês fazer o intercâmbio dela. Ficamos só eu e Paul como “filhos” em casa até eu voltar pro Brasil, pra minha família e casa verdadeiras, em fevereiro de 2004.

Ao longo dos anos nunca perdemos o contato. Trocamos e-mails, cartas e fotos, sempre nos tratando por “pais” e “irmãos”.

Em julho de 2004, o Daniel foi me visitar no Brasil por um mês. Em 2007, a Eva foi passar 2 meses no Brasil entre a minha casa, então em Bauru (SP), e a casa dos meus pais, em Votorantim (SP).

Depois disso ganhei uma bolsa para fazer um curso avançado de alemão em Freiburg no começo de 2009, e vim já no final de 2008 para passar o Natal com eles todos.

Ano passado, quando vim para o mestrado, fui visitá-los em setembro. “Meus pais alemães” estavam comemorando 30 anos de casados, deram uma festa grande e ficaram muito felizes quando souberam que eu poderia participar desse evento da família. Eu fiquei feliz por finalmente conhecer o filho do Daniel, o Lasse, que já tem 2 anos.

Em janeiro desse ano minha “irmã” Eva se casou em Berlim. Fiquei feliz em poder estar presente nesse momento, já que não pude vir ao casamento do Daniel, em 2005.

Daniel e seu filho Lasse – setembro de 2011

Semana que vem vou a Berlim fazer um treinamento de uma semana em jornalismo impresso. Vou aproveitar para visitar “meu irmão” Daniel e “minha irmã” Eva, ambos hoje casados e morando com suas famílias na capital alemã. A surpresa agradável é que tanto a Eva quanto a esposa do Daniel, a Marion, estão grávidas. Os dois bebês, ambos meninos, nascerão entre a metade de outubro e o começo de novembro e eu ainda vou conseguir ver as duas grávidas.

Estava agora há pouco empacotando uns presentinhos que comprei para levar pros bebês na viagem. Fiquei pensando no tanto de coisa que acontece em 9 anos. Meus dois “irmãos” casaram, o Daniel já vai ser pai pela segunda vez e a Eva, que pra mim sempre foi tão “moleca”, vai ser mãe!

Eu fiz faculdade, trabalhei e acabei vindo para a Alemanha mais uma vez para fazer um mestrado.

Não é tudo muito louco?

Onde o tempo foi parar? Como assim eu envelheci e nem me dei conta?

Festival teuto-brasileiro em Colônia

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Pros brasileiros que moram em Colônia e região, aí vai uma dica.

Dos dias 25 a 30 de outubro vai rolar um festival teuto-brasileiro na cidade de Colônia. Filmes, shows e outras atividades estão programadas.

Elba Ramalho, Paulo Moska e Luiz Melodia também estarão por aqui! Dê uma olhada aqui pra checar toda a programação.

A primeira visita a uma ginecologista alemã

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Um pequenino problema feminino me levou a superar mais um dos meus medos e marcar uma consulta numa ginecologista alemã. Trouxe do Brasil 12 caixas do anticoncepcional que tomo, fiz uma amiga trazer mais 2 e minha mãe me mandar mais 3 quando decidi que ficaria um ano e meio sem voltar pra casa. Tudo pra evitar essa bendita consulta. Mas não deu. Aqui não dá pra comprar quase nada na farmácia sem receita, nem aquelas soluções pra “banhos de assento” que a gente conhece no Brasil (embora existam aqui).

Após 2 dias ao telefone finalmente consegui um encaixe com uma médica da qual eu não tinha a menor referência. Liguei pra umas 10 médicas que achei no google (com boas indicações), mas ou elas não aceitavam pacientes novas, ou só aceitam grávidas (oi?) ou só tinham consulta pra agosto. Qual parte da frase “é uma emergência” elas não entendiam?

Whatever… pesquisei na internet todos os termos que precisava dizer em alemão pra médica e fui (eu tenho ovário micropolicístico, tive uma cervicite ano passado, enfim… tinha que contar todo o histórico pra nova médica).

Apesar da dificuldade em conseguir uma consulta e o chá de cadeira na sala de espera (igualzinho ao Brasil), achei as coisas aqui um pouco mais práticas. A médica te examina, já colhe os exames todos no próprio consultório, examina o que colheu num microscópio na hora, te diz qual é o problema e te dá uma receita. O resto da amostra ela manda pro laboratório e, caso exista algo de anormal, eles entram em contato avisando. Nada de guias pra exames e retorno. Simples assim.

Gostei e já abortei a ideia de trazer mais uma leva de anticoncepcionais do Brasil quando for pra lá em dezembro. Antes do meu estoque acabar, marco uma consulta, pego uma receita e compro aqui. É mais prático e mais barato. Viva a praticidade!

Vocabulário útil:

Frauenarzt – ginecologista

Gebärmutter – útero

Gebärmutterhals – colo do útero

Polyzystisches Ovarialsyndrom – síndrome do ovário policístico

Eierstöcken – ovários

Eileiter – trompa

Vagina / Scheide – vagina